Histórias que ensinam valores
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História que ensina o valor de julgamentos equilibrados; da sabedoria de não julgar pelas aparências ou pela primeira impressão; o valor da generosidade e do retorno à comunidade do muito que ela nos faz
Harvard e Stanford
Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça. João 7:24
Malcolm Forbes conta que uma senhora, usando um vestido de algodão já desbotado, e seu marido, trajando um velho terno feito à mão, desceram do trem em Boston, EUA, e se dirigiram timidamente ao escritório do presidente da Universidade Harvard.
Eles vinham de Palo Alto, Califórnia e não haviam marcado entrevista.
A secretária, num relance, achou que aqueles dois com aparência de caipiras do interior, nada tinham a fazer em Harvard.
– Queremos falar com o presidente, disse o homem em voz baixa.
– Ele vai estar ocupado o dia todo, respondeu rispidamente a secretária.
– Nós vamos esperar.
A secretária os ignorou por horas a fio, esperando que o casal finalmente desistisse e fosse embora. Mas eles ficaram ali, e a secretária, um tanto frustrada, decidiu incomodar o presidente, embora detestasse fazer isso.
– Se o senhor falar com eles apenas por alguns minutos, talvez resolvam ir embora, disse ela.
O presidente suspirou com irritação, mas concordou.
Alguém da sua importância não tinha tempo para atender gente desse tipo, mas ele detestava vestidos desbotados e ternos puídos em seu escritório. Com o rosto fechado, ele foi até o casal.
– Tivemos um filho que estudou em Harvard durante um ano, disse a mulher. Ele amava Harvard e foi muito feliz aqui, mas, um ano atrás ele morreu num acidente e gostaríamos de erigir um monumento em honra a ele em algum lugar do campus.
– Minha senhora, disse rudemente o presidente, não podemos erigir uma estátua para cada pessoa que estudou em Harvard e morreu, se o fizéssemos, este lugar pareceria um cemitério.
– Oh, não, respondeu rapidamente a senhora. Não queremos erigir uma estátua. Gostaríamos de doar um edifício à Harvard.
O presidente olhou para o vestido desbotado da mulher e para o velho terno do marido, e exclamou:
– Um edifício! Os senhores têm sequer uma pálida idéia de quanto custa um edifício? Temos mais de sete milhões e meio de dólares em prédios aqui em Harvard.
A senhora ficou em silêncio por um momento, e então disse ao marido:
– Se é só isso que custa para fundar uma universidade, por que não termos a nossa própria?
O marido concordou.
O casal Leland Stanford levantou-se e saiu, deixando o presidente confuso. Viajando de volta para Palo Alto, na Califórnia, eles estabeleceram ali a Universidade Stanford, em homenagem a seu filho, ex-aluno da Harvard
1) O que queria o casal de idosos em Harvard?
2) Pela história como um todo faça uma lista de características desse casal.
3) Qual critério o diretor de Harvard utilizou para julgar o casal?
4) Por que o diretor de Harvard cometeu um erro tão grosseiro de avaliação?
5) Qual deveria ter sido a forma correta de atender os idosos?
6) Qual é a conclusão que podemos tirar desse relato verdadeiro?
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ResponderExcluirPor Paula Perin dos Santos
Proferido na Capela Real de Lisboa em 1655, o “Sermão da Sexagésima” é um dos mais importantes sermões de Pe. Antônio Vieira. Grande orador, ele mesclava sua formação jesuítica com a estética barroca, fazendo de seus sermões a expressão máxima do Barroco em prosa sacra e um dos principais meios de difusão da ideologia e da literatura da Contra-Reforma.
O sermão desenvolve a temática religiosa e, ao mesmo tempo, predomina nele uma das características do estilo barroco: o conceptismo, visto que sua principal preocupação é o conteúdo, é a discussão da arte de persuadir. Para tanto faz uso da metalinguagem: Vieira reflete sobre o poder da arte de pregar por sermões ao mesmo tempo em que está proferindo um sermão. Para isso o pregador se vale de analogias, comparações, metáforas, o mesmo estilo de pregar de Jesus, que consistia em utilizar correspondências alegóricas, de conhecimento geral, para que seu discurso seja assimilado e compreendido de forma prática....
Fechando este raciocínio, o pregador afirma que o “lavrador do Evangelho” bem poderia preparar a terra, retirando os espinhos e as pedras, mas não o fez para provar a “tamanha força da divina palavra que, sem cortar nem despontar espinhos, (...) sem arrancar nem abrandar pedras”, a semente é capaz de brotar. “Mas virá tempo em que as mesmas pedras o aclamem e esses mesmo espinhos o coroem.” Aqui ele introduziu uma analogia com duas passagens bíblicas: A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (S. Lucas, 19:40), “se estes se calarem, as pedras clamarão” e a Via-sacra, percurso feito por Jesus antes da crucificação (S. Mateus, 27: 29), “e, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça”. O surpreendente nestas duas passagens é como Vieira nos dá uma nova visão ante esses dois elementos: diante do “Semeador do Céu”, as pedras se amolecem para homenageá-lo e os espinhos se envergam para lhe fazer coroa. Assim, o pregador descarta a atribuição da culpa pelo pouco efeito da Palavra de Deus aos ouvintes.
Vieira, de maneira tão criativa e poética, atribui a culpa toda e exclusivamente ao pregador: “por culpa nossa”, como ele mesmo afirma. Levando em consideração o esquema que construímos com base em suas analogias, inferimos que isso se deve ao fato de que os pregadores não estão mais convencendo seus ouvintes da veracidade de sua doutrina, seja por sua ilogicidade, seja por ser um discurso vazio, hipócrita, resumindo no “Fazei o que eu digo, mas não o que eu faço”.
Fontes
VIEIRA, Antônio. Sermões. IN: Eugênio Gomes, org. 6 ed. Rio de Janeiro, Agir, 1972, p. 94-9.